domingo, 7 de novembro de 2010

Boas de falar

Tem também aquelas palavras que são deliciosas de falar, e se encaixam perfeitamente em todos os sentidos que ela possa ter.
Por isso adoro a palavra estúpido e todos seus derivados.
Ela é uma estúpida!
Palavra perfeita para indicar a pessoa burra e grossa. Muito mehor do que burra e do que grossa, ou do que burra e grossa.
Um chope estupidamente gelado!
Sim, perfeito. Exageradamente. Sinta o som. Delícia de falar.
A estupidez é insuportável.
E é mesmo.

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Erros

Tenho uma amiga, a Margarida, que defende que a partir passe a ter crase. Uma vez que 90% dos cartazes, textos, propagandas etc. são grafados desta forma, melhor seria esse fosse o certo, porque assim, pelo menos, não ficaríamos irritadas toda a vez que nos deparássemos com esta maldita crase antes de verbo - simples: NUNCA se usa crase antes de verbo e ponto final.

Agora tem um erro - esse é quase uma unanimidade - que me dá nos nervos: Para mim fazer, para mim usar, parar mim dizer etc. Outra vez super simples, antes do verbo no infinitivo usa-se EU, portanto, para eu fazer, para eu falar, para eu gritar etc.

Minha mãe, onde estivesse na casa, sempre que ouvia um "para mim pegar", gritava "olha la, pramim é índio. Como se fala?".

Sim, pramim é índio.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Palavra Absurda

Cheguei em casa exausta depois de muito trânsito, barulho, buzina, estresse, chuva, frio, umidade e chapinha estragada. A primeira coisa que estava nos meus planos era tomar um banho e me enfiar diretamente debaixo de uma montanha de cobertores para tentar espantar esse frio quase europeu de São Paulo. Deitei na cama, continuei a leitura recém começada de 'Sagarana -  J. Guimarães Rosa' e quando finalmente ia dormir, me lembrei de um absurdo que ouvi hoje durante a minha agitada jornada paulistana; não podia deixar passar, o absurdo ainda estava fresquinho e não poderia esperar mais um dia para ser compartilhado aqui no blog. Liguei o computador e vim pra cá protestar!

Há mais ou menos uns dez dias, alguém já me havia alertado a respeito dessa nova (para mim é nova) gafe que andam cometendo por aí. Mas até então, nunca tinha presenciado a tal gafe, eis que entro nas Lojas Americanas com a minha irmã para comprar um ship para celular. Conversa vai, conversa vem, a moça super simpática e atenciosa, com a maior boa vontade do mundo (sem ironias), estava nos explicando como discar um número qualquer para ativar o celular. Até aí tudo bem, tudo em ordem, nada a reclamar. Aliás, eu tinha/tenho sim um pequeno pormenor a contestar: aquele típico erro de gente que quer parecer bem instruída e 'chique' e faz questão de empregar gerúndio onde não deve: 'a senhora vai poder estar fazendo'. Tenho uma raiva disso que prefiro nem entrar em mais detalhes. Mas enfim, isso eu já estava cansada de ouvir e torcer o nariz, a novidade ainda não tinha aparecido. Até que... 'Então, você pode ativar o seu celular discando: ASTERÍSTICO 552'. Asterístico???!!! Que porra de palavra é essa, minha filha? De onde foi que você tirou esta pérola da língua portuguesa? Só se foi do seu dialeto inventado, pelo amor de deus, vai! Pois é... A princípio achei que pudesse ter ouvido mal, mas então me lembrei que já tinham me avisado dessa gafe que estava se espalhando por aí em ritmo galopante.

Achei melhor confirmar com a minha irmã, para ver se ela também tinha se apercebido de tal coisa. É, né... Vai ver, essa minha sisma de estar com os ouvidos sempre a postos para essas gafes estava me fazendo delirar e achar erro onde não tem. Podia ser pura paranóia minha. Ou, vai ver, 'asterístico' até está correto e eu estou mal (muito mal) informada; corri para o dicionário. Mas não era este o caso (antes fosse!), a vendedora simpática realmente tinha dito 'a-s-t-e-r-í-s-t-i-c-o', não, não era 'asterisco'! Convenhamos que 'asterisco' já é, digamos assim, uma palavra mais para a "rebuscada". Mas parece que ainda não é o suficiente, as pessoas ainda não estão satisfeitas e querem rebuscá-la ainda mais, acrescentando mais uma sílaba. Pra quê? Me digam, para quê?! Essa mania de querer falar 'chique', tornando as coisas mais complicadas e erradas, me deixa inconformada e profundamente incomodada. Fora que soa terrivelmente mal.

Cuidado, gente! A gafe do 'asterístico' está se espalhando pela população brasileira, não deixem que ela atinja você! O correto é e sempre será - eu espero - 'ASTERISCO', aquela estrelinha (*).

P.S.: Só para não deixar dúvidas:
O sinal gráfico '*', é chamado como tal, devido a ser parecido com uma pequena estrela, ou seja, um pequeno 'astro'. Sendo diminutivo de 'astro', diz-se 'asterisco' e não 'asterístico'. Outro grande exemplo muito usado por todos é: o diminutivo de "chuva". A forma correta é 'chuvisco' e não "chuvístico".
- 'Asterisco' é a única forma aceita, registrada e falada.
(Putz, essa do 'chuvístico' eu nunca ouvi e também espero nunca ouvir!)

sábado, 31 de julho de 2010

Palavra Inventada

Vim passar as minhas férias absurdamente longas (de três meses) aqui no Brasil depois de um ano e meio sem cá por os pés. A primeira impressão foi... Ainda não sei a palavra certa para definir a sensação, acho que ela nem existe, mas sei que foi algo nem bom, nem ruim, foi qualquer coisa neutra. Pode ser que isso passe, mas me senti ligeiramente deslocada, uma turista mesmo. Não que isso seja ruim, porque assim posso ver as coisas com outros olhos e avaliar tudo de uma outra maneira. (E lá vou eu falando demais, porque não era nada disso que eu estava planejando postar, enfim...).

Revi a família, amigos - parte deles - , vizinhos, cachorros e companhia. Mas quando entrei na minha casa - a casa em que vivi desde que nasci até aos meus catorze anos - um turbilhão de pensamentos e ideias me passaram pela cabeça ainda não totalmente adaptada à frequência brasileira. Recordei coisas que jamais me haviam passado pela cabeça em terras lusitanas durante esse tempo que em lá estive. Sem fazer esforço nenhum, esses momentos me vieram à memória espontaneamente; minha infância, as brincadeiras que fazíamos em casa, as histórias, os jogos, as comidas, meu pai...

Mas o que realmente me levou a escrever foi lembrar de que eu, quando pequena, adorava inventar palavras. E não eram palavras para aquilo que ainda não existia uma palavra exata, eram palavras que substituíam algumas já existentes. Não consigo me lembrar de todas as que criei, mas numa prosa em família, conseguimos resgatar algumas. Quando eu queria dizer que alguma coisa estava muito alta e eu não era capaz de alcançar, dizia: 'cabade' (hahaha, loucura, loucura, loucura! Não me perguntem de onde foi que eu tirei isso). Morangos também não tinham esse nome, eram os 'capangos' (essa já é mais coerente, está mais próxima da palavra original). E quando uma coisa era suuuper legal, diria até que supimpa, eu costumava dizer que era algo 'boleile' (é... A minha mente era um tanto quanto fértil e muito da maluca também). Pois é, por enquanto foram só essas as que pudemos recordar e rir. É... Recordar é viver! Se entretanto mais palavras me vierem à lembrança, venho aqui compartilhá-las. Não faço a mínima das ideias do porquê dessas invenções malucas, não sei se foi pela sonoridade combinar mais, se por não gostar das palavras originais... Sei lá, ninguém sabe e também não importa muito. Mas não deixa de ser curioso esse meu instinto criador de palavras durante a infância.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Palavra adequada

Ornitorrinco. Para quem considera "orna" a palavra mais desagradável de ouvir, pode parecer muito estranho que escolha ornitorinco como uma palavra legal. De fato, não afirmarei que é bonita, mas ela é totalmente adequada: não dá para ouvir ornitorrinco e pensar em qualquer outra coisa que não um ornitorrinco.
Palavras super adequadas são um achado. Estupefacta (como escrevem os portugueses sim!) é outra dessa categoria - mas fica para outra vez.
De volta ao ornitorrinco. Quando éramos pequenos tínhamos um livro muito grosso e maravilhoso chamado "Mamíferos". A cada página, um animal, por ordem alfabética. Minha mãe lia pra gente à noite. Cada noite um animal. Só pudemos folhear sozinhos depois da primeira rodada até o final, cada noite na cama de um de nós.
Então chegamos ao ornitorrinco. Achei que era um bicho inventado. Não podia acreditar que aquilo existisse de verdade. Para me deixar ainda mais desconfiada, não era uma foto mas uma ilustração. E,  era um mamífero que botava ovos. Então por que não era uma ave que dava leite? Mesmo na ansiedade de chegar ao final do livro, fizemos minha mãe reler e explicar por 3 noites seguidas.
Convenci-me de sua real existência pois seu nome era perfeito para aquela imagem ou vice-versa.

domingo, 24 de janeiro de 2010

Palavra que liberta


Já há algum tempo (uns dois, no máximo três anos), venho adquirindo um gosto "esdrúxulo" por certos objetos: guindastes. Não me perguntem o porquê, mas me encantei por guindastes de tal forma, que sempre que vejo um, insisto em fotografar. Houve uma época que eu estava tão fascinada, que quando algum amigo ou conhecido ia viajar, pedia sempre para que fotografassem os guindastes que encontrassem por lá. Qualquer dia ainda organizo um álbum exclusivo para guindastes.

Apreciar guindastes não é nada comum, penso eu, mas sinto um imenso prazer em avistar um belo e alto guindaste amarelo (sim, os amarelos são os meus prediletos) na paisagem. Por aqui (na terrinha), não são assim tantos, mas quando morava aí por esses lados de São Paulo, adorava olhar pela janela do carro e contar os guindastes à minha volta. E olha que não eram poucos! Assim, abstraia um pouco aquele trânsito ainda mais esdrúxulo que essa minha apreciação "guindástica". Tá aí uma coisa que sinto uma falta tremenda: desvendar guindastes amarelos (não só amarelos, é claro) no meio de tanto cinza.

Mas esse é um blog dedicado às palavras, portanto, vou direto ao ponto, antes que a minha prolixidade desenfreada não me permita. Acontece que, além de o objeto me chamar bastante a atenção, a própria palavra me atrai muito. Ah, como é bom, como é prazeroso pronunciar "guindaste"com aquela "pose de D. Pedro quando disse ao povo que ficava". Pronunciar todas as letras, não omitindo nenhum som e dando ênfase dobrada em "aste" é  uma sensação única, indiscritível, diria até "mágica". É como se a palavra me transmitisse liberdade, poder, força... E esse conjunto de sensações "guindásticas" faz emergir, automaticamente, a imagem de um imponente guindaste amarelo. Aí, então, atinjo o clímax do meu "momento guindástico".

Às vezes, quando não estou nos meus melhores dias, penso insistentemente num guindaste e, mesmo mentalmente, pronuncio a palavra com toda a vontade, articulando bem cada sílaba. Pode não resolver tudo, mas que é uma boa terapia, isso sim.

Ah... Só eu sei como essa palavra me faz bem!




Palavra que se diz

Há palavras quase que, diria, perfeitas. Nas quais som e significado formam um único, como diria minha companheira caça-palavras “daquelas que, mesmo sem saber o significado, dá pra adivinhar de primeira". Por isto, e porque pronunciá-la é uma delícia, adoro a palavra "esdrúxulo".
“Que ideia mais esdrúxula!” alguma dúvida sobre a qualidade da ideia?
Sempre uso essa palavra. Meus jornalistas (dirijo uma Redação) já sabem que o uso do esdrúxulo indica que já encerramos o assunto. "Essa explicação, por favor, é totalmente esdrúxula".

Como boa frequentadora de dicionário (adoro dicionário – um dia conto a primeira vez que lidei com um deles, foi mágico) acabo de descobrir que existe ainda:
esdruluxar - versejar com palavras esdrúxulas
esdrulularia - qualquer coisa exótica ou extravagante
exdruxulez - qualidade do esdrúxulo, esquisitice
esdruxulista - pessoa que gosta de palavras esdrúxulas
esdruxulização - ato ou efeito de esdruxulizar
esdruxulizar - tornar esdrúxulo, extravagante
e finalmente,
esdrúxulo - fora dos padrões comuns e que causa espanto ou riso, esquisito, extravagante - e para não perdermos a erudição - diz-se dos versos que terminam com palavras proparoxítonas e esse é , na verdade, o significado original da palavra.

Gosto de pensar que um desavisado qualquer vinha andando quando ouviu dois poetas comentando "Oh, meu caro, fiz uso de versos esdrúxulos nessa minha última obra" e já chegou em casa "querida, não darei explicações esdrúxulas por não trazer dinheiro", e a mulher nem perguntou nada, porque era óbvio o que ele queria dizer e já avisou o açougueiro: "não darei nenhuma justificativa esdrúxula por atrasar mais uma vez o pagamento" e o mundo passou e entender o que quer dizer esdrúxulo. Esdrúxulo o post? Levemente, eu diria.

domingo, 17 de janeiro de 2010

Palavra Incomodativa

O que torna uma palavra horrível? Em geral, na minha opinião, a dissonância entre forma e significado (aliás, isso vale para quase tudo nesta vida). Detesto a palavra "orna". O som é horrível - não tem sotaque que a salve: paulistano, interiorano, carioca ou baiano. Pode tentar. Ouça. Há palavras que para se perceber o medonho delas precisa-se ouvir muitas vezes. Orna não, basta uma só. Escrevê-la, sem ouvi-la, já é medonho.

Mas, confesso, o que acho mais tremendo nessa palavra é o fato de que ela significa combinação, harmonia, enfeitar, abrilhantar e soa exatamente o contrário. Como pode? Quem teve essa infeliz ideia?

Mas, ela tem sua função: serve bem para dar o tom irônico à ideia de harmonia. “Acho que não orna, benhê”. Precisa dizer mais?

Palavra Enjoativa

Na última sexta-feira (15/01) começou o BBB 10 aqui, pela Globo Internacional. Minha relação com esse programa tão polêmico é duvidosa. Sim, acho super medíocre, mas quem disse que eu não assisto? Aquilo é um vício horroroso e vergonhoso. Gente, socorro: eu adoro Big Brother! O que eu faço? Sou daquelas que sabe o nome e todo mundo e sempre torce fanaticamente por um deles (dessa vez tou torcendo pro Sérgio, uma gracinha ele!). Mas esse aqui é um blog sobre palavras e não sobre o meu fanatismo televisivo. Onde estou querendo chegar é: novo BBB, nova palavra.

Pois é, meu espírito caça-palavras baixou e, com ele, mais uma palavrinha esquisita e nada agradável: "pochete". O tipo de palavra enjoada! Sempre pronunciei sem o menor problema, mas foi quando vi um dos caras fortões usando que comecei a análise, chegando à conclusão de que "pochete" é daquelas palavras que não soam assim tão bem. Aliás, nada bem.

Pensando bem, o próprio objeto não me agrada muito. Nunca na minha vida eu pretendo usar uma "pochete"! Os utilizadores que me perdoem, mas êita coisa feia e mais deselegante. Pode até ser prático, concordo, mas nada vai me convencer a usar uma. Tem coisa mais sem graça  do que "pochete"? Se tem, me apresentem, porque eu estou pra ver um conjunto de palavra + objeto tão infeliz.